“Se não houver coragem/ Um pouco de inocência/ Pode ajudar// Achamos ser ela/ Mais pura que a valentia/ Mas igualmente desenha/ De todo e qualquer// Risco”, declara um dos poemas de Talvez este não seja o meu ano, lançamento de outubro da editora Paraquedas.
A partir desses versos e do próprio título, nos deparamos com o fato de que Jules de Faria brinca com antinomias, sonoridade, repetição e informalidade da fala — e, principalmente, de que não tem medo da espera por um mundo novo. Encarando com humor e lirismo o mundo que temos próximo dos olhos e das mãos, seus poemas criam a sensação quase palpável de que o presente pode ser profundamente modificado pelas palavras e pelas imagens.
Essa sensação quase palpável se deve a poemas curtos e concentrados, aliados a colagens que sobrepõem cenas e contextos diversos de modo a construir um universo inédito, culminando na força de expandir os muitos sentidos que se desdobram nos temas que tocam: a identidade, a memória, a criação.
Talvez este não seja o meu ano é um livro de grande força gravitacional e nos convida a experimentar um “presente fulminante”, que não cessa de criar novas possibilidades de memórias.
Sobre a autora
Jules de Faria é uma otimista praticante e gosta de transformar seus sonhos em palavras. Não à toa, é jornalista, poeta, escritora e consultora de comunicação. Fundou a Think Olga, uma das ONGs de direito das mulheres de maior relevância do cenário nacional, e atuou como presidente da organização até 2020.
Lançou campanhas como Chega de Fiu Fiu e #PrimeiroAssédio. Em 2022, criou o Estúdio Jules, onde dá contornos para propósitos e ideias visionárias por meio de storytelling e branding. É também mãe de dois meninos, Jonas e Leo, e de uma bebê breve, Lila.