“Silvia quando novinha/ não sabia falar geladeira// dizia geladerra/ talvez sua palavra predileta e barrata arrarra carra perra// não que fosse um erro/ era o seu dialeto”, diz o poema “poliglota” de Capiau, lançamento de outubro da editora Paraquedas.
Paulo Camossa Júnior, autor do livro de microcontos Brevidades (sua estreia na literatura), se lança agora à poesia – ambos livros lançados pela Paraquedas. Dono de um estilo consistente e conciso, suas histórias, contadas de forma precisa e objetiva, trazem a público, e revelam ao público das grandes cidades, crônicas da vida interiorana de sua cidade natal no interior do estado de São Paulo.
Capiau, o título escolhido para seus poemas, se refere a “homem do interior”. Ainda que tenha passado a maior parte de sua vida em uma cidade grande, Camossa nunca deixou de lado suas raízes, mergulha em si mesmo, no seu próprio interior e caminha pela “rua de terra escarlate”, pelo “frescor da terra batida” em busca de memórias familiares, de relatos cotidianos e de um olhar que pausa para apreciar a natureza.
Generosos com o leitor, os poemas permitem, a partir de sua própria linguagem singela mas não desprovida de complexidade, o estímulo da imaginação e da reflexão, acompanhados das ilustrações de Luyse Costa.
Sobre o autor
Paulo Camossa Júnior nasceu em Pirassununga e de lá nunca saiu, ainda que tenha morado até os 3 anos em Santa Cruz das Palmeiras, e a partir dos 17 em São Paulo, onde foi estudar e trabalhar com publicidade. Em 2022, lançou Brevidades, seu primeiro livro, uma coletânea de microcontos com memórias vividas ou inventadas. Os versos deste Capiau seguem contando essas histórias.